blog [FRACTOSCÓPIO] Rosy Feros

31 de julho de 2002

Abraço telemático lusófono



Achei muito legal mesmo a idéia do Cris Dias de criar o TopLinks - um indexador para os blogs brasileiros, aos moldes do Blogdex, do MIT.

Gente, como é que ninguém havia feito isto antes? ;-)

Agora o que se diz é se é interessante indexar também blogs de Portugal. Acho a idéia interessante, pois congregaria os blogs ativos da lusofonia, dando um panorama do que se faz & pensa em língua portuguesa. Mas também seria legal se partisse dos próprios portugueses uma iniciativa como esta, do TopLinks. Todos nós só teríamos a ganhar.

29 de julho de 2002

Paradoxo Digital



Este poema é de Tchello d'Barros, de Blumenau/SC, artista-poeta que admiro pela audácia poética & ousadia criativa, a quem tive a alegria de conhecer "face to face", além dos limites da virtualidade.

"Paradoxo Digital" alcançou o 1º lugar na categoria poesia do Concurso Literário de Santa Catarina, em 1994, sendo depois publicado em seu livro "Palavrório", 1996.

Paradoxo Digital
[Tchello d'Barros]

Hoje ninguém duvida
da ávida ciência
que sentencia a vida
do homem hodierno.

Será essa
Evolutiva transcendência
Do andróide pós-moderno
O preço do equívoco
Rumo ao inevitável?

Ou tal involutiva mutação
De urbanóides da nova era
Que desceram das árvores
E ao cosmos subiram
São o efeito da causa
De mera evolução?

Assim é o crepúsculo
Frente ao milênio
Que veloz se aproxima,
Sem sequer de Hiroshima
Termos nos esquecido.

Mas se tal neurônio Digital
Não viesse a lograr
Nesse novo paradigma
Nem mantra nem tantra
remontariam ao ancestral.

Pois sequer
Hologramas rupestres
E nucleares sambaquis
Ou atômicos sarcófagos
Poderiam deletar;

da vida o lume, nem
do vácuo o cosmos, nem
da rota o rumo, nem
da terra o humus, nem do alvo a mira
nem da ira a mágua
nem da água a alga
nem da alma o magma

Nesse paradoxo existencial
Pelos cósmicos quasares
Um digital questionamento:
Entre chips, bits e Kbytes
Haverá espaço
Pra um arcaico hai cai?

27 de julho de 2002

No mundo dos blogs



Encontrei este blog bem interessante: um blog que fala sobre blogs. O que são, para que servem, sua história, blogs de destaque... enfim, (mais) uma boa referência blogueira sobre o mundo dos blogs-blogdom. Em inglês.

25 de julho de 2002

Ser é unir



"Ser é unir. Para ser mais, é preciso unir cada vez mais."

Uma preciosidade de Teilhard de Chardin (1881-1955). Impossível olhar isto e não se lembrar de nossa imensa constelação planetária on-line.

23 de julho de 2002

O verdadeiro curriculum vitae



Não quero ser classificada (calcificada) por um curso universitário, como se eu só pudesse pensar dentro daquela raia. Não quero me sentir limitada a pensar & escrever & analisar sobre determinadas questões, só porque elas constam de uma grade curricular que cursei. Grades curriculares não podem estabelecer limites ao nosso pensar.

Eu quero mais: eu quero o conhecimento. Isto é muito maior, muito mais abrangente e complexo do que um simples corpo disforme composto por algumas disciplinas ministradas no 3º grau. E não é porque não tenho título de doutora que não tenha condições de trocar idéias com quem tem mais títulos universitários que eu.

O que me interessa é a construção da verdadeira árvore de conhecimentos:

Quem eu sou, e o que procuro?
O que quero aprender da vida?
Que ramos do conhecimento humano eu quero abarcar?
Este, sim, é o que chamo de verdadeiro curriculum vitae.
Não cabe em apenas duas folhas tamanho A4.

A delicada planta da curiosidade



Sugiro a leitura desta matéria, "A delicada planta da curiosidade", destacando a idéia de Einstein, este sim um profundo entendedor da curiosidade humana:

"É quase milagre que os modernos métodos de ensino não tenham estrangulado completamente a curiosidade de investigação, porque esta delicada planta, mais do que estímulo, necessita de liberdade, e, se a privam dela, definha e morre."

É de plantas assim que precisamos sentir vicejar dia após dia.

E esta nossa rede de conexão planetária é um campo por demais fértil para isto.

Você é autodidata?



Li uma série de matérias hoje no Sinapse Online, da Folha, com que me identifiquei muitíssimo.

São matérias que falam que o profissional mais adequado aos novos tempos é verdadeiramente autodidata, ao estilo self-made person: alguém que não se baseia num diploma universitário para conquistar seu espaço no mercado de trabalho, mas que também busca outros tipos de aprendizado. Aliás, como é dito no texto, o diploma é só o início - a universidade é só o começo. O que conta, na prática, é a formação do indivíduo.

Também acho que esse negócio de diploma garantir emprego já era. Não acredito mais nos valores absolutos nem de diplomas, nem de empregos. Considero de suma importância uma formação educacional, qualquer que ela seja, quanto mais diversificada melhor. Creio que não dá para termos uma formação adequada só coletando ensinamentos despejados em escolas, como também acho árido demais o caminho de quem escolhe aprender tudo sozinho. Há que se trilhar o caminho do meio, como tanto se diz e pouco se faz.

Aliás, para se ter a formação multifacetada e polivalente como a exigida hoje, é necessário suplantar e muito os limites físicos dos muros das escolas. Muros em todos os seus sentidos possíveis. O que se requer, hoje, é uma formação humanística, que saiba compreender o homem contemporâneo e futuro em todas as suas múltiplas faces caleidoscópicas.

A curiosidade humana é um bem precioso demais para ficar restrito a meros rótulos, rótulos que acabam servindo de meros vasinhos para decorar prateleiras.

Não quero ficar presa a rótulos, rótulos que dizem de mim aos outros muito menos do que me sei. Diplomas pendurados na parede não me dizem nada: o saber humano não poder ser enquadrado nem emoldurado.

16 de julho de 2002

Este é o meu blogchalk



Agora eu também tenho ;-)

Google! DayPop! This is my blogchalk: Portuguese, Brazil, Santos, Pompeia, Rosy, Female, 31-35!

15 de julho de 2002

Falando em inteligência coletiva...



Li esta maravilha hoje de manhã:

“Se uma idéia é pública, surgiu espontaneamente e tem a ver com algo que você ama ou empolga seus amigos, pode saber que vai conquistar. E o mais bonito é que são coisas impossíveis de controlar, justamente porque não dá pra prever que sentimentos serão despertados numa pessoa e como eles vão ser afetados pelos sentimentos de outros na comunidade. É por isso que idéias baseadas em controle ou propriedade sofrem tanto na Internet. A mínima tentativa de tornar as pessoas dependentes de você já é sentida como uma invasão grosseira.”

O autor deste momento de lucidez é Daniel Pádua, autor do blog O Fluxo e mentor da fantástica idéia do BlogChalking - uma ferramenta que nos ajuda a localizar blogs até pelo bairro do autor-publisher.

O comentário acima foi extraído de uma entrevista dada a Pedro Dória, da revista eletrônica No Mínimo.

Coletânea de discussões do Interlab



Ciberespaço, Internet, mundo digital, hipermídia, redes, inteligência artificial, realidade virtual, vida artificial, bibliotecas virtuais, web arte, etc.

Num momento onde as inovações científicas e tecnológicas adquirem uma velocidade impressionante e com elas proliferaram novos modelos, termos e conceitos, idéias de pensadores de diferentes áreas de conhecimento foram reunidas por Lucia Leão no livro “Interlab – Labirinto do pensamento contemporâneo”, publicado pela Ed. Iluminuras (368 páginas, R$ 39).

INTERLAB é uma revista eletrônica de estudos intersemióticos sobre hipermídia e labirintos do Programa de Pós Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP, editada pela autora.

[FONTE: Notícia tirada do e-zine PANACÉIA/BALACOBACO, 11/MAIO/2002]

Sobre a unificação do conhecimento



"A unificação do conhecimento é necessária porque os fenômenos da natureza também são."
Julia Tagüeña Parga, diretora executiva do Universum, Museu de Ciência da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), falando sobre a importância dos museus e centros de ciência.
[FONTE: Jornal da Ciência/JC E-Mail, Edição 2074]

As Humanas renascendo como fênix



"Mais do que nunca precisamos dos filósofos, educadores, literatos para educar uma juventude num país com limitados conhecimentos dos deveres, da ética, da responsabilidade social e comunicando-se através de frases desconexas."
Antonio Brito
[FONTE: Jornal da Ciência/JC-email, Edição 2074]

Para quê ler livros?



Foi também no e-zine do Balacobaco, editado pelo grande Rodrigo Leão, que encontrei esta pergunta feita pelo escritor tcheco Franz Kafka aos 20 anos, numa carta:

''Se o livro que estamos lendo não nos desperta como um punho que martela nosso crânio, para que lê-lo? Necessários são os livros que se abatem sobre nós como a desgraça, como a morte de alguém que amamos mais do que a nós mesmos''.

Demais.

Os grilhões da identidade



Hoje tirei o dia para publicar algumas frases que me marcaram nos últimos dias. Elas dão uma boa idéia de por onde têm andado meus pensamentos:

"(...) identidade é um estereótipo imposto por uma cultura que já era e já foi. Libertar-se dos grilhões de ser alguma coisa para simplesmente ser é, talvez, a grande libertação. É uma verdadeira teologia.

O problema de todo iniciante é encontrar a sua identidade. E um dia descobre - de improviso - que nunca irá encontrá-la. E esse dia é o verdadeiro nascimento de um novo ser. Uma transformação dialética do sentido de existência. Identidade a gente não encontra nunca. Ainda bem, pois é na diversidade de ser é que se encontra a verdadeira riqueza. Quando nos livramos do fardo da identidade é que descobrimos o significado de ser. É uma libertação de nossa maior prisão: a prisão de nós mesmos.
E nesse dia surgirá um poeta, quem sabe."


Quem disse esta maravilha foi Cláudio Alex, o CAlex, que conheci na saudosa lista de discussão sobre literatura PD - Poesia Diária. Ele é professor na Escola Nacional de Ciências Estatísticas e atualmente trabalha no projeto Ponto-Futuro, sobre o uso de tecnologia computacional e redes de comunicação na educação.
[FONTE: E-Zine Balacobaco nº 26]

12 de julho de 2002

Solve et Coagula



Em suma, formar comunidades hoje é ativar aquela atitude religiosa tão esquecida e discriminada em nossos velhos tempos de hiperestesia científica e racionalista: o re-ligare.

É preciso que nos re-liguemos às nossas origens, por vezes esquecidas ou corrompidas, para que possamos dar continuidade à evolução social.

É necessário tanto dissolver quanto coagular, vivenciar o eterno e arquetípico ciclo alquímico solve et coagula. Agora estamos no estágio de coagular.

O que a ciência separou, saibamos nós re-ligar.

Células-tronco da Inteligência Coletiva



Faz-se cada vez mais urgente e necessário formarmos comunidades que sirvam de referenciais de idéias ou de grupos de idéias. Que sirvam de plataforma para a expressão de pensamentos e impressões que ainda não haviam sido intercambiados antes por causa das limitações geográficas ou sociais.

Comunidades que sejam a reunião de pequenas células humanas com vistas à formação de uma comunhão intuitiva de saberes. Células-tronco formando uma inteligência além-pessoal, um hipercórtex gerando uma noosfera, uma zona coletiva de livre transmissão e compartilhamento de conhecimentos.

Não importa se esta integração ocorra virtualmente, com pessoas que nunca se conheceram antes, que nunca trocaram um abraço ou aperto de mão. Importa se a integração é viva e real, pois mais importante que a proximidade espacial é a intimidade ideológica e espirital. A proximidade ideológica e espiritual é que abre espaço para o abraço real e verdadeiro.

A verdadeira comunhão ocorre quando mentes e espíritos se congraçam, já diziam todas as religiões.


Linkando a gente se entende



Nossa postura presente é linkar com urgência tudo o que nos é caro e útil: meu texto com sua imagem, minha música com sua história. Ligamos a reportagem do jornal ao vídeo à opinião e ao poema; reunimos arte & ciência, subjetivo & objetivo, numa atitude coordenativa, e não subordinativa.

"Tudo ao mesmo tempo agora", como cantariam os Titãs. E para amanhã.

Nossos pequenos tesouros-tijolos vão sendo coletados pelos caminhos do ciberespaço e organizados hipertextualmente segundo a lógica temporal das paixões do momento. E esses nossos momentos preciosos vão compondo fractalmente nosso retrato, nossas habilidades, objetivos e escolhas.

E então vamos formando uma colcha de retalhos viva, absolutamente informativa, lúdica e por isto mesmo dinâmica. Ludoinformação nas tramas digitais.

Comunidades lato sensu



É absolutamente vital, hoje, a criação de comunidades. Sente-se no ar uma carência generalizada por grupos, por encontros significativos, confraternizações reais entre pessoas que deixem marcas e componham uma memória a ser narrada.

Hoje, o que se quer não é a comunidade local, no sentido estrito, espacializada e limitada pela geografia. Hoje o que se deseja é a comunidade lato sensu, a comum-unidade entre pessoas & idéias, não importa se ela é formada por indivíduos habitando pontos distintos e distantes do planeta.

Afora isto, existe um sentido coletivo de urgência quanto ao futuro: toda nossa atitude é emergencial, lutamos contra o tempo em tudo o que fazemos, como se estivéssemos a coletar os tijolos para a construção de um novo mundo.

E estamos.

2 de julho de 2002

A harmonia dionisíaca do caos



"Dioniso é um deus fundamentalmente mundano, afirmador dos valores positivos da vida terrestre.

É o deus da exaltação da alegria, do prazer, do vinho, do amor e da exuberância excessiva, voltado para o riso que liberta e para a comunhão com a natureza selvagem. Dionisio é o deus que o filósofo Nietzsche disse ser um discípulo na sua famosa frase: "Prefiro antes ser um sátiro a um santo". É este privilegiado e não o Dioniso ligado a outros cultos que apregoam a imortalidade da alma, enfatizando a renúncia ao mundo e a adoção de um ideal ascético.



[Torcida Clown - Fonte: Globonews]


Dioniso é o deus das múltiplas faces, o deus mascarado que convida os homens ao desafio de vê-lo por sob a máscara ou, quem sabe, a partir dela.

Dioniso é o deus que deve ensinar os homens "a ver o que é preciso ver" , isto é, "a ver o que mais evidente sob o disfarce do mais invisível", conforme Eurípedes nos mostra na peça "As Bacantes"."

Quem fala sobre Dionísio é Marcus Quintaes, em seu artigo para a revista junguiana Rubedo.



1 de julho de 2002

Drummond e o futebol





[Comemoração coletiva nas ruas - Fonte: Globonews]


"De repente o Brasil ficou unido
contente de existir, trocando a morte
o ódio, a pobreza, a doença, o atraso triste
por um momento puro de grandeza
e afirmação no esporte.
Vencer com honra e graça
com beleza e humildade
é ser maduro e merecer a vida,
ato de criação, ato de amor."

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, in "Quando é dia de futebol", Ed. Record

A festa de Dionísio





[Comemoração 5 Estrelas>, 30/jun/02 - Fonte: Portal Terra]


Na luta entre a força apolínea e a criatividade dionisíaca, ganhou a criatividade dionisíaca. Dionísio prevaleceu na festa apoteótica do Penta.