blog [FRACTOSCÓPIO] Rosy Feros

29 de julho de 2002

Paradoxo Digital



Este poema é de Tchello d'Barros, de Blumenau/SC, artista-poeta que admiro pela audácia poética & ousadia criativa, a quem tive a alegria de conhecer "face to face", além dos limites da virtualidade.

"Paradoxo Digital" alcançou o 1º lugar na categoria poesia do Concurso Literário de Santa Catarina, em 1994, sendo depois publicado em seu livro "Palavrório", 1996.

Paradoxo Digital
[Tchello d'Barros]

Hoje ninguém duvida
da ávida ciência
que sentencia a vida
do homem hodierno.

Será essa
Evolutiva transcendência
Do andróide pós-moderno
O preço do equívoco
Rumo ao inevitável?

Ou tal involutiva mutação
De urbanóides da nova era
Que desceram das árvores
E ao cosmos subiram
São o efeito da causa
De mera evolução?

Assim é o crepúsculo
Frente ao milênio
Que veloz se aproxima,
Sem sequer de Hiroshima
Termos nos esquecido.

Mas se tal neurônio Digital
Não viesse a lograr
Nesse novo paradigma
Nem mantra nem tantra
remontariam ao ancestral.

Pois sequer
Hologramas rupestres
E nucleares sambaquis
Ou atômicos sarcófagos
Poderiam deletar;

da vida o lume, nem
do vácuo o cosmos, nem
da rota o rumo, nem
da terra o humus, nem do alvo a mira
nem da ira a mágua
nem da água a alga
nem da alma o magma

Nesse paradoxo existencial
Pelos cósmicos quasares
Um digital questionamento:
Entre chips, bits e Kbytes
Haverá espaço
Pra um arcaico hai cai?