blog [FRACTOSCÓPIO] Rosy Feros

19 de agosto de 2001

Tecendo relações



Em 1995, escrevi:

"Palavra-chave do novo milênio: AGREGAÇÃO. Agregação humana em todas as suas mais variadas formas. Networks, trabalho em equipe. Redes de Relações."

De lá para cá, comecei a sentir isto cada vez mais presente e palpável.

A internet e seu ciberespaço telemático só reforçaram esta sensação.

Na internet, senti na pele que a História não se cristaliza nas páginas dos historiadores.

Percebi que todos que vivem (n)a rede
escrevem a história de nosso tempo
nas linhas de e-mail,
nos papos trocados em salas de chat,
em frases repetidas em banners,
nas colunas noticiosas dos e-zines,
nos sites construídos como casas,
cabanas de silício.

Se todos nós pararmos de escrever nossas histórias nas linhas digitadas que se propagam por linhas de telefone ou por cabos e ondas invisíveis, a rede não existe.

A grande rede virtual de relações só existe
porque é criada pela imaginação de todos
os que nela escrevem.

Calendários, diários de viagem, weblogs



Diários, sem dúvida, têm características bem definidas. Devido a seu tom confessional, neles são expressas emoções e opiniões sobre praticamente qualquer tema - indo de família, amores, amizade, até comentários e críticas sócio-culturais.

Verdadeiras epopéias de vida estão transcritas em diários. Através deles, podemos conhecer épocas e lugares desconhecidos com precisão de detalhes - diários de viagem são um bom exemplo. Além disto, de muitos diários têm saído, ao longo dos tempos, grandes idéias para livros, filmes, invenções, descobertas científicas e trabalhos de arte, ciência e tecnologia.

Prescindindo de conhecimentos técnicos ou pré-requisitos para serem saboreados e compreendidos, diários são uma espécie de literatura muito acessível a todos, embora alguns ainda os considerem uma "arte menor". Talvez eles sejam a primeira forma de literatura, a mais instintiva ou primitiva.

Além de ser um caderno de intimidades ou espaço-livro de confidências, o diário é um lugar, um ponto de encontro consigo mesmo. Um espelho onde são riscados traços de vida, onde há total liberdade para experimentações em todos os níveis, principalmente lingüísticas.

Sua forma de leitura não é absolutamente linear, embora seja escrito ao andar dos calendários. Aliás, em se tratando de diários tradicionais escritos à mão, os inúmeros papeizinhos colados/colecionados e as referências múltiplas neles existentes, sejam em forma de imagens ou textos, lembram muito a leitura hipertextual das nossas redes telemáticas, principalmente a internet.

Cada imagem recortada e colada na página de um diário remete a outro momento, outra visão, outro sentido. Cada lembrança material nele inscrita é um vínculo emocional, um reforço ao sentido literário, como notas de pé de página num livro ou arquivos multimídia num computador.

Neste sentido, todas as referências em um diário, sejam elas diretas ou indiretas, são como links de informações, complementando o sentido da narração. Exatamente como links de hipertexto.

Este weblog é meu diário de viagens neste imenso mar de dados do ciberespaço telemático.