blog [FRACTOSCÓPIO] Rosy Feros

30 de janeiro de 2003

Jornalistas, papagaios eletrônicos?



Encontrei no Mídia Sem Máscara, um artigo escrito por João Pedro Jacques que promete polêmica: "Papagaios eletrônicos". Eis um trecho:

"Na impossibilidade de acesso direto ou completo aos fatos, não pode o jornalista tomar como verdade evidente uma única declaração - ou um punhado de declarações similares. Daí recomendar-se a imparcialidade e seu veículo, a pluralidade, em benefício do público e da autenticidade dos fatos. O mais correto, em casos assim, é buscar declarações que exponham as várias faces do assunto tratado. Não buscar este caminho resulta em ações partidaristas - se o caso não for de incompetência mesmo!"
João Pedro Jacques, in "Papagaios eletrônicos", Mídia Sem Máscara, 17/jan/2003.

O fato é que cada vez fica mais difícil chegarmos à origem real dos fatos, à "prima matéria". As fontes se multiplicam caoticamente ao nosso redor, transbordando miríades de informações que muitas vezes não nos dizem nada pois perderam o fio lógico da notícia, o veio principal da idéia a ser transmitida.

Por isto é que penso que cada vez mais se torna necessário exercitarmos a nossa capacidade de interpretação dos fatos. Faz-se indispensável aprendermos a fazer leituras do mundo - pois uma única leitura não basta mais, seja a partir de quais olhos for.

Precisamos explorar nossa capacidade de selecionar as fontes de informações, separando o que é notícia do que é juízo de valor de outros, como quem separa o joio do trigo. O que precisamos exercitar é a nossa própria cosmovisão, ainda que imersos neste imenso ciberespaço de dados caóticos. Eis aí o ponto zero do desenvolvimento de nosso sentido de identidade, antes ainda de
falarmos de cidadania.

O saber começa a não precisar da universidade clássica



"A universidade está em crise em todo o mundo, e nós queremos no Brasil buscar um novo modelo que possa servir também para fora daqui. A crise mundial da universidade é dupla: o conhecimento cresce mais depressa que ela. Ficou obsoleta e antiquada, presa em seu imobilismo e endogamia. Se um professor não acompanhar a atualidade, chegará à aula e não saberá que os alunos já sabem que se descobriu uma nova montanha em Marte. E se o professor não dominar as novas técnicas digitais terá que sentir a humilhação de precisar perguntar aos alunos. E existe uma crise técnica, porque hoje o conhecimento transborda para fora da universidade, já estão sendo criadas universidades corporativas."

Cristovam Buarque, Ministro da Educação, em entrevista ao jornal espanhol El País em 14/janeiro/2003


27 de janeiro de 2003

Utopia



"A utopia é uma espécie de estímulo intelectual, que nem o uisque naquela história do Humfrey Bogart, que disse que estamos todos duas doses de uísque abaixo do nosso normal. Acho que estamos duas doses de utopia abaixo do nosso normal. Mas o problema é que as pessoas ou não bebem utopia, ou quando bebem se excedem, tomam três, quatro doses. Aí ficam doidinhas, doidinhas."

Leandro Konder, filósofo, professor da PUC/RJ, in jornal O Globo, Caderno Prosa & Verso, 27/1/2003.

24 de janeiro de 2003


Um grandioso e prazeroso ano de 2003 pra você! :-)


Eterna ciranda dos dias



[Rosy Feros]


Na eterna ciranda dos dias,
nosso moinho de dentro
só escuta os murmúrios do vento.


Do vento que traz o dia,
do vento que leva a noite.


Nessa eterna rosa dos ventos,
nosso moinho de dentro
ouve o bater dos dias.


Os dias que já morreram,
os anos que irão nascer.


A roda do ano novo



[Rosy Feros]


A roda do moinho se move,
movendo as raízes da terra.


A roda do moinho roda,
rodando a vida que há nela.


A roda do moinho move
o nascimento da esperança.


A roda do moinho roda
toda a vida que há na criança.