blog [FRACTOSCÓPIO] Rosy Feros

28 de dezembro de 2001

Crer é confiar



[Rosy Feros]

crer é confiar
no que não se vê e não está


é enxergar o infinito tênue
que há entre um e outro olhar


é perceber que o mundo treme
à simples intenção de desconfiar


é saber que o mundo não é leve
e mesmo assim


repousa sua asa livre
no ninho de quem o está a fiar


[Escrito em 28/dezembro/2001]

Palavra-chave de 2002: acreditar



O ano está acabando e eu não poderia deixar de registrar aqui minhas emoções & impressões sobre isso tudo. Muita coisa aconteceu neste 2001. Não foi um ano nada fácil, e deixou marcas profundas na carne de muita gente.

Sinto claramente que tudo o que se esperava de bom ou de ruim (principalmente de ruim) para 2000, julgando-se ser em 2000 a grande transformação no calendário da humanidade, ocorreu em 2001. A História e a Natureza não quiseram antecipar o rumo natural das águas, como muita gente quis fazer.

2001 ficou sendo o ano que separa, aquele que encerra e que abre caminhos. Muitas trilhas foram destruídas neste ano que passou, assim como novas rotas foram desenhadas para os anos que virão.

Apesar de todas as catástrofes, dificuldades, obstáculos e possíveis pessimismos, consigo ver luzes nos novos caminhos. Há muitas previsões boas para 2002, e espero sinceramente que tudo o que diga respeito ao auto-conhecimento das pessoas e a uma reestruturação em todos os níveis, tanto em micro quanto em macro ambientes, possa se concretizar. Pois, uma vez dado o passo decisivo para uma reestruturação coletiva, não vejo mais como ser possível andar para trás.

Que 2002 seja para todos uma seara de criatividade e de inspiração. Que 2002 seja um ano de luz & de frutos para você, que me lê e consegue ouvir a minha voz. Que seja um ano de colheitas para todos aqueles que ainda acreditam na esperança.

Feliz Ano Novo!


Creio que a palavra-chave para o novo ano seja ACREDITAR.
Acreditar que as coisas são possíveis,
desde que estejamos de coração mergulhados nelas.
Acreditar que as utopias são possíveis, sim,
e que mais do que nunca o mundo necessita delas.

Acreditar que todos somos capazes de ser
tudo o que sonhamos e queremos ser!


O poema que deixo aqui, escrito hoje à tarde, fala disto.

8 de dezembro de 2001

Comunidades Literárias da Lusofonia



Logo que ingressei na internet, em 1997, tratei de assinar algumas listas de discussão sobre literatura. Estava curiosíssima para saber o que andavam escrevendo, produzindo, discutindo. A idéia de uma possível efervescência literária, gentes trocando trabalhos e impressões, me entusiasmou profundamente. Pensar em conversar com outros "escritores novos" na mesma condição que eu, cheios de hesitações, dúvidas, certezas e paixões, parecia o paraíso!

O melhor de tudo foi constatar que minhas expectativas com relação às listas literárias foram não só satisfeitas, mas também superadas: na vivência das listas, percebi o quanto o ritmo vertiginoso das produções influi sobremaneira em nossas opiniões do que é fazer literatura, incentivando reciclagens constantes e a busca de uma identidade textual. No meu caso, estimulou uma produção também vertiginosa de textos (principalmente poemas curtos), coisa que não havia experimentado antes da internet.

Na rede, conversar com outros autores (já publicados, consagrados ou não) tornou-se para mim prática corrente. Não demorou muito, começaram a pipocar pequenas publicações: uma breve aparição num boletim de poetas novos aqui, um breve ensaio num "digest" acolá... Assim como as conversas, os contatos e as amizades multiplicaram-se, também se multiplicaram as publicações eletrônicas e impressas.

Fantástica, essa coisa da gente encontrar os "pares", de poder trocar impressões com outro igual a nós, não importando a raça, o credo, a ideologia e, principalmente, a distância geográfica. Parece que não, mas faz uma enorme diferença conversar sobre literatura com alguém que mora em outro estado ou país... As dificuldades de publicação podem ser até as mesmas, mas as visões do mundo literário com certeza serão diferentes.

Tenho orgulho dos amigos que fiz através da rede, amizades que conseguiram superar até as tão temidas distâncias geográficas. Credito tais amizades ao "convício" gostoso das listas de discussão de literatura, como gosto de brincar. Na rede, é fácil confundir os conceitos de convívio & vício, já que é da freqüência dos contatos e acessos que se faz o convívio telemático.

Hoje sinto claramente as dimensões do ciberespaço da literatura brasileira na internet. Ciberespaço este que troca intensamente links com a literatura em língua portuguesa feita em todo o mundo, configurando o que podemos chamar de ciberespaço da literatura lusófona.

Tal espaço só tende a crescer e multiplicar seus domínios, à medida que mais autores e amantes da literatura somem seus interesses e produções a ele. Quem sabe você não é o próximo a expandir os limites da literatura lusófona na rede?

6 de dezembro de 2001

Hipertexto



Pulamos cordas ou etapas?
Pulamos buracos, cadeiras, barras?
Saltamos degraus, trilhas?

Links de hipertexto nos fazem pular, saltar.
Conduzem a outro lugar.
São pequenos canais de informação,
que fazem a energia circular.
São pequenas pontes,
que cruzamos com livre-arbítrio.

Cada um salta o que bem (ou mal) entende.
Não existe trilha pré-definida:
somos nós que criamos o caminho.

[Rosy Feros, 10/abril/1999]

4 de dezembro de 2001

Alegorias Poéticas
Rosy Feros

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ando fazendo trilhas
colchas de retalhos de papéis e idéias
trilhas que me levem a conhecer
meu próprio itinerário nelas


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ando tecendo trilhas
elos em hipertexto
nacos de caminhos
reconstruindo cestos


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