Ouro de Tolo
"Faltou aos americanos a percepção de que se estabeleceu uma corrente antiamericana relativamente unida em todos os paises islâmicos. Prefere-se, é mais cômodo e mediático, eleger inimigos como (o milionário saudita) Bin Laden. Questões fundamentais em termos de geopolitica, como o financiamento de movimentos terroristas por pessoas conhecidas na Arábia Saudita, são jogadas para debaixo do tapete."
Quem disse isto foi Jean-Christophe Muffin, pesquisador de assuntos de geopolítica da Escola de Ciências Politicas de Paris (O Globo, 13/9/2001).
Hoje não podemos mais falar de políticas unilaterais nem de países que, solitários, reinem em força e poder.
O que já ensaiava seus primeiros passos mágica e midiaticamente transformou-se em realidade táctil depois dos ataques do último 11/set: o mundo hoje é uma vasta coleção de ideologias, com alguns denominadores comuns. Só podemos agora falar de blocos, não mais de países. As fronteiras geográficas viraram pó - não há mais "cercas embandeiradas que separam quintais", como um dia cantou Raul Seixas.
A geopolítica não se baseia mais em fronteiras nem territórios físicos, mas em ciberespaços político-ideológicos. Bandeiras fincadas na terra para delimitar espaços de poder transformaram-se em ouro de tolo, não têm mais valia.
É a força da coletividade reinando sobre o império do individualismo. A força e o poder, hoje, só fazem sentido se compartilhados.
© Ilustração: Christiane Messias]
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