blog [FRACTOSCÓPIO] Rosy Feros

13 de setembro de 2001

Ironias



No artigo "Uma esperanca para a humanidade", de Oded Grajew, há momentos interessantes que merecem ser destacados, já que estamos ainda vivendo sob a nuvem de fumaça dos últimos fatos que abalaram as duas pilastras do mundo ocidental:

"A globalização, calcada na competição, nos interesses comerciais e financeiros, na lógica do mercado e do consumismo, em vez de se basear na cooperação e na solidariedade, está levando a humanidade a um grande desastre. (...) Os Estados nacionais mais poderosos do mundo, as organizações internacionais como o Banco Mundial, FMI e OMC, as instituições como o G8 serão capazes de liderar as profundas mudanças que o quadro atual exige? Receio que não. Além de serem responsáveis pelo estado de degradação e risco a que chegamos, estão contaminados pelos valores e pela lógica que ameaçam o planeta."

Mais à frente, o autor diz:

"Apenas o surgimento de uma nova cultura, que promova uma globalização calcada nos valores e direitos humanos, na justiça social, no respeito ao meio ambiente e à diversidade, poderá evitar o grande colapso."

É uma ironia ler estas linhas depois de tudo o que aconteceu. Estou, aliás, vivendo a compulsão de olhar para trás e tentar enxergar possíveis rastros na areia que desencadearam tudo... lendo notícias frias que parecem ainda quentes. Penso que os eventos que marcaram com sangue o calendário mundial em 11/set/01, divisores de águas históricas que foram, representam um sinal tanto para que a lógica predominante mude quanto um sinal de que a mudança já começou.

Os ventos já estão soprando para outra direção. É assistir, seguir e ver.