blog [FRACTOSCÓPIO] Rosy Feros

3 de setembro de 2001

Utopia que é realidade compartilhada



Será que podemos considerar como equivalentes a Geração Beat e a Geração Web?

De acordo com o escritor norte-americano Michael Lewis, autor do livro "Next: The Future Just Happened", sim: a Web é a própria contracultura, e o rock estaria para os beatniks assim como a Web para os internautas.

Também acho que a contracultura da Geração Beat, com seus escritores "malditos" embalados pelas drogas e pelo rock'n'roll, assemelha-se em muitos aspectos à cibercultura dos jovens de hoje. É interessante estabelecer uma relação entre os poetas da contracultura e os escribas telemáticos da atualidade, gente que incansavelmente escreve suas impressões e visões de mundo pelas linhas de chat, e-mails e webpages.

Todo o rock da contracultura está impregnado da poesia beatnik, assim como a linguagem de hoje, não importa a mídia, está cada vez mais com a cara e o jeito de falar da web.

Eu não diria, entretanto, que a cultura do ciberespaço seja exatamente uma contracultura. Acho que tem mais a ver com uma nova cultura. A Geração Bit está ajudando a criar um ciberespaço que tem mais a ver com a Shangri-lá de James Hilton e com a "Utopia" de Thomas Morus.

Sendo o ciberespaço telemático um espaço que não tem lugar no mundo físico, e um espaço dito virtual que prescinde das relações cronológicas tradicionais, tendo sido inclusive criado um tempo só dele (internet time), então ele é utópico por excelência (do grego, u = não, topos = lugar). Utópico e ucrônico.

O que diria São Thomas Morus, canonizado pela Igreja Católica, se experimentasse a internet de hoje? A Utopia de Morus foi considerada impossível, mas o fato é que o ciberespaço telemático é tão factível quanto possível. O ciberespaço virtual é uma quimera real.

Utopistas ou internautas, nós seguimos tecendo um mundo a partir de nossa imaginação e vontade.

E desbravamos esta Terra Prometida
(Atlântida re-encontrada, República neo-platônica,
Admirável Mundo Novo, Shangri-lá,
Cidade do Sol, Cidade de Deus)
e a carregamos às costas
- ou em palmtops e outros dispositivos de banda larga -
assim como Atlas.


Atlas Farnese