blog [FRACTOSCÓPIO] Rosy Feros

1 de outubro de 2002

Comunidades Virtuais



Comunidades virtuais são pontos de partida. Não pontos de chegada.

São pontos num espaço-tempo determinado, bancos de praça para encontrar amigos, conversar fiado, discutir o futuro do mundo, rever antigos colegas, conhecer novos vizinhos.

Comunidades são pequenos nós da grande trama da geopolítica do ciberespaço. São caminhos abertos por excelência, não foram feitos para serem fechados.

Diferentemente das comunidades, os Portais virtuais são encruzilhadas, pontos de encontro. Ilhas de conveniência para quem está em alto-mar; pontos de lazer & entretenimento que se pretendem úteis e atraentes para quem está desfrutando das ondas do mar. Chegam a entregar drinks na bandeja, com pratos a la carte, se o cliente assim o desejar. Tudo para que o usuário-cliente esqueça seu próprio barco e se entregue aos prazeres da "ilha de conveniência".

Querer transformar um Portal em ponto só de chegada é barrar saídas, fazer barricadas em aquedutos de dados. As information superhighways podem ser tudo, menos vias de uma mão só.

Fazer isto é quebrar um dos princípios básicos da rede: a interatividade de mãos múltiplas.

Querer transformar os grandes portais em grandes fortalezas seguras é transformar um grande mar livre em pequenas prisões domiciliares. Forçar o pagamento de pedágio para acessar condomínios fechados é restringir o acesso a bancos de dados feudais.

Instalar barreiras, quaisquer barreiras (dificuldades tecnológicas, operacionais, financeiras), vai frontalmente contra ao espírito da rede: que é o de multiplicar caminhos.

A rede baseia-se, sobretudo, no livre-fluxo de informações, na transparência da diversidade. Não se muda a natureza do que é volátil, do que é breve, do que nasceu para ser ágil.

Aliás, a grande diferença é que, enquanto os Portais entregam, as comunidade integram. Eis a visão ideológica que muda toda a visão de mundos.

[Escrito em 12/junho/1999]